domingo, 21 de agosto de 2011

Meros espectadores







Caminho marcado por obstáculos, espinhos, pedras pontiagudas, trechos íngremes, escorregadios, tortuosos, lamacentos e perigosos. Muitas armadilhas, malfeitores, invejosos, assassinos, caluniadores, obcecados pelo poder, famintos, pobres, aleijados, prostitutas... era assim, é assim a rota de Jesus Cristo. Ele jamais pegou atalho. Sem falar nos desertos, nos lugares ermos e quando atravessa o mar de um lado para o outro, inclusive andando sobre as águas.
Ele jamais nos iludiu. Sempre fez questão de deixar bem claro que não seria não é e jamais será fácil! Mas nos encoraja a prosseguir, pois vai a nossa frente mostrando exatamente como devemos proceder e pisarmos, suas marcas definem o trajeto; portanto é só ter o cuidado de observar e pisar exatamente onde seus pés fincaram seu rastro.
Mesmo assim não é fácil. Requer de nós absoluta atenção e foco. Nada de mudarmos nosso ponto de atenção, olhar a paisagem deixar-se levar pelos apelos e convite, os quais são inúmeros e bem atrativos. Ah... não esqueça: Precisamos  também carregar  uma cruz.
Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. (Jo 16:33)
E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me (Lc 9:23)
Isto não tem nada a ver com o que vemos e ouvimos que nos garante ter uma vida cheia de boas oportunidades, sermos bem sucedidos e desfrutarmos de uma vida onde o conforto, abastança seja uma regra ou uma garantia de que Ele está ou não presente em nossas vidas. Não me lembro de relatos bíblicos que atestam a riqueza dos discípulos, apóstolos, profetas; nem um de Jesus desfrutar sendo filho de Deus, de uma vida de regalos e riquezas... não. Simplicidade marcou a vida destes homens e de Cristo. Também não sou hipócrita. Todos lutamos para ganharmos honestamente o pão de cada dia e proporcionar conforto, estabilidade e proteção financeira a nossa família e não vejo nada de errado com isto, muito pelo contrário. Ser de carne e osso é gostar de fazer compras, ter uma casa agradável e aconchegante, desfrutar de conforto, mesa farta, armários abastados e como mulher... ah...sapatos! Como gostamos deles... rs. Conquistas! Falamos de conquistas nas áreas profissionais, financeira, culturais e sentimentais.
Entretanto, não podemos ser meros espectadores.
Jesus nos convida a segui-lo independente se seu desempenho, de ser ou não bem sucedido, ter ou não um diploma, ser ou não abastado, desfrutar ou não de conforto e de uma mesa farta, ser ou não solitário, ter ou não dúzias de sapatos, não questiona se é homem ou mulher, jovem ou velho, rico ou pobre, nem pergunta seu grau de instrução. O convite é bem simples: E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me (Lc 09h23min)
Não indaga quem somos...Jesus nos conhece bem, sabe perfeitamente quem somos. Andando ou não com Ele, nos conhece pelo nome, tem discernimento de nossa personalidade e caráter, gosto e predileção,porque conhece nosso coração. Só nos faz um convite.
Quer apenas a resposta a seu convite.
Quando convidamos alguém para um evento e não temos a resposta imediata, ficamos esperando no dia do evento sua presença, e como anfitriões conhecemos a todos que convidamos e ficamos a porta, ávidos para ver rosto queridos, conhecidos, de bons amigos, colaboradores e pessoas que nos apóiam, confiam e reagem positivamente com sua presença. Mas lamentamos a ausência de outros, às vezes até por motivo justo, mas como fez falta a sua presença. De qualquer forma a prioridade dele foi outra. Mas a alegria dos presentes apaga qualquer fagulha de frustração pela ausência de outros.
É sobre isto que reflito. Sobre este convite precioso e pela decisão tão pessoal de aceitarmos ou não. É por este ângulo que analiso a questão.
Tenho me esforçado a atender este convite todos os dias. Nem sempre o faço, pois nem sempre é fácil, mas me arrependo quando noto que fiquei deslumbrada com outro convite que na verdade era irrelevante. Então o vejo me esperando e dizendo: tome cada dia a sua cruz, e siga-me... cada dia é uma nova oportunidade de atender ao convite. Sempre há outra oportunidade.Me apresso para atendê-lo, aperto o passo para recuperar o tempo perdido e também não a tempo de lamentar-me pelo que perdi, a tempo sim de viver um novo dia, uma nova etapa, uma experiência singular ao seu lado.
Não quero ser uma mera espectadora. Ver apenas através da vidraça o que Ele está fazendo. Quero participar do seu evento. Seu convite é especial, tem dádivas, uma delas é viver intensamente Nele e desfrutar de todo seu amor, de tudo que planejou...teremos muitas surpresas. Teremos aflições. Mas o teremos bem perto...
A decisão é minha. É sua!
Decido esquecer minhas quedas e perdas. Decido continuar aceitando seu convite diário. Hoje é um novo dia!




domingo, 14 de agosto de 2011

A Cura

Deus é um Pai amoroso...tanto, que mais que lhe doa, insiste em nos corrigir, moldar, e esperar pacientemente até compreendermos o quanto Ele investe em nossas vidas!

Uma das expressões do amor de Deus para com a humanidade é sua prontidão. Quantas vezes nossa alma “quente” nos impede de compreender esta verdade. Deus está sempre  atento, em “estado de alerta” para o que está acontecendo conosco e tem tudo sob controle sempre, sabe exatamente como as circunstâncias nos afeta, nos restringe, encarceram, surpreendem, mutilam e amedrontam. Sempre ouvimos esta pergunta ecoando em nossa limitação: Então porque permite que tais acontecimentos nos sobrevenha???
Penso que esta pergunta na verdade está direcionada a pessoa errada, da maneira certa poderemos encontrar as respostas que mudarão o curso das nossas vidas e poderemos então compreender um pouquinho do que realmente é o amor de Deus por nós e sua Graça!
Podemos reformular a pergunta desta forma: Por que permito que me sobrevenha tais acontecimentos??? Assim fica melhor e podemos então encontrar respostas. Este confronto é inevitável, e quanto mais fugimos dele mais nos distanciamos da solução para os conflitos e interrompemos o ciclo vicioso que nos mantém aprisionados e distantes...muito distantes de soluções.
Devemos assumir que não foi à vontade de Deus que nos trouxe a este ponto, enquanto isto não acontece vamos apenas prolongando o sofrimento e adiando a cura. Somos nós sempre os responsáveis, nossas escolhas, palavras, atitudes, medos, receios, indiferença, insensibilidade, ignorância, insensatez, negligência, inconseqüência e tantas outras coisas que são difíceis explorar num texto que causam tamanhos danos em nossas vidas e na vida das pessoas que mais amamos, inclusive e principalmente em nosso relacionamento com Deus! Alimentamos o monstro dentro de nós...vamos fazendo com que cresçam forte e bem nutrido nossos maiores equívocos, focalizamos muito a nós mesmos, nossas vontades e o que “pensamos que estamos fazendo de acordo com a vontade de Deus” acima do que verdadeiramente é a prioridade. Corremos como cães atrás do rabo sem jamais conseguir alcançá-lo e perceber que é nosso...rs.
Dimensionamos uma pequena pedra como um grande motivo de tropeço. Fazemos de pequenos obstáculos um grande monte a ser removido, mas em tempo algum reconhecemos que colocamos a pedra no caminho e o monte também e ficamos inertes, esperando algo sobrenatural removê-los e nos sentamos no caminho lamentando nossa má sorte, é tão injusto tudo isto! Autocomiseração, letargia, procrastinação, acomodamos estes e muitos outros enganos e nos firmamos aliança com o ressentimento. Fazemos dele nosso amigo e nos acompanha o tempo todo, perdemos a noção de quando começou tudo e, portanto, o fim é algo que perdemos de vista.
Estamos enfermos, miseravelmente doentes em nossas emoções, com nossa alma encarcerada no medo e na mágoa. Mutilados pelos ressentimentos, aleijados, coxos, anêmicos. A resistência está tão baixa que vulneráveis, expostos a todo risco de infecções, bactérias e vírus; um simples olhar é uma crítica tão aguda que vem como uma flecha e atinge o alvo...bem no coração e pode ser fatal!
Isto é humanidade! Como Paulo disse com propriedade: “Miserável homem que sou”.
Enquanto nosso foco formos nós mesmos e nossa dor, não sairemos deste lugar e deste estado crítico. Nossa sorte é que mesmo assim Deus nos ama e continua em prontidão, esperando para ser bondoso conosco.
Como foi que cheguei aqui? O que fiz para tudo isto acontecer em minha vida? Por que permiti tudo isto me alcançar?
É bem rápido!
As respostas vão surgindo,  aclarando nossa mente, mas  nos ressentimos de nós mesmos e entramos num outro estado, de acharmos que não há cura nem conserto para tudo. Não há esperança! Não poderei voltar no tempo e acertar as coisas...me perdi no caminho! A dor toma uma proporção insuportável! Estamos num quadro crítico...parada respiratória...podemos ouvir os barulhos dos equipamentos que nos mantém vivos denunciando nosso colapso...
Sair desta crise parece impossível! É impossível mesmo! Mas espere...é impossível para eu e você, nunca para Deus!
É o momento que Deus esperava para ser bondoso para conosco. O único em que lhe demos oportunidade de intervir no quadro e mudar a sentença de morte!
...”Te adoro Pai não pelo que tu podes fazer, mas pelo que tu és...creio que tu és a cura, creio que tu és tudo para mim...eu creio, tu és o meu Senhor! Tu és a vida, não há outro igual a ti!
Jesus eu preciso de ti!
A cura chegou!
Quando nos rendemos a Ele com todos os nossos cacos...nossos restos de ser “sei lá o que” e simplesmente dizemos: eis-me aqui...isto é tudo o que sou! Tudo o que sobrou, só o que tenho...é só isto que sou! Mas creio que tu és a cura! A quem eu vou clamar se tudo vem de ti? Por que vou caminhar, pois tu és a direção...Tu és o meu Senhor!
Apenas quando reconhecemos que perdemos o controle, que nos distanciamos completamente da sua vontade e então nos voltamos, convergimos a Deus...entregamos tudo a Ele, nosso coração, alma, espírito, corpo, mente; tudo convertemos a ELE...chega a CURA! Seu Perdão nos envolve, sua Graça inunda e somos por ELE levantados...a esperança chegou e trouxe vida! A vida chegou e transformou as circunstâncias que nos envolvia, anulou a sentença de morte! Quebrou os grilhões...os montes ruíram, o vento e o mar empolado aquietaram-se...há Paz enfim!Há Paz em mim!

Quando penso na cruz é difícil entender
Como pode um Deus por amor se render...
O que posso dizer?
“...” Seu sangue vertido, lavou-me, curou-me! Sou livre, sou livre em Cristo Jesus!
“– Que a Graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês, meus irmãos! Amém!”
Gl 6:18.