segunda-feira, 2 de maio de 2011

Transbordante...



Vivemos em um mundo carente de atitudes de encorajamento, gratidão e hospitalidade.
As pessoas, tão atarefadas de nossa época, não têm tempo para o cordial cumprimento, um simples bom dia é raro até mesmo no ambiente rotineiro de trabalho, até porque foi desenvolvida a cultura da competição voraz, então quem está ao nosso lado é um “inimigo em potencial”, um risco a ser temido, certo? Infelizmente, certo!
Cordialidade, hospitalidade são artigos raros a serem distribuídos e se encontrar, valorize, estime e zele para não perder. Pessoas com estas características são altruístas, gratas e solidárias, razão de serem jóias preciosas e caríssimas!
No caminho, seguindo o Mestre, encontramos de tudo, mas principalmente pessoas como eu e você, imperfeitos, desajeitados, desprezíveis pecadores, até bem intencionados, mas que natureza difícil de controlar a nossa, não?
Não sei com qual destes dois personagens eu e você parecemos, talvez com os dois.
E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa.
E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;
E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento.
Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.
E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre.
Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta.
E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais?
E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem.
E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos.
Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés.

Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento.
Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.
E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados.
E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados?
E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
.(Lc 7:36 a 50)
Muitas vezes por mais que tentamos negar, agimos como o fariseu, triste, mas é verdade. Sentimo-nos superiores diante da miséria dos outros, não temos misericórdia. Apontamos o pecado descoberto do nosso próximo, como se em nada fossemos devedores. Pagamos nossos impostos, cuidamos da nossa família, zelamos pelo nosso nome, somos reconhecidamente bons cidadãos, respeitáveis em nosso ambiente de trabalho, bairro onde residimos. Somos bons pais, filhos que deram certo, zelosos do bem e politicamente corretos. Nada de errado em sermos assim, na verdade só fizemos o que esperam de nós, apesar de estarmos tão longe de sermos a imagem de Cristo. Este é: eu, você e o fariseu, não são mesmo? Recebemos Jesus em nossa casa, oferecemos nosso alimento, fruto de nosso trabalho. Queremos bater um papo amigável, pois Ele é tão bom, é maravilhoso estar na sua presença, nos sentimos até numa posição favorável, pois o acolhemos e o servimos, não é mesmo? Como somos superiores aos pecadores, incuráveis em seus defeitos e erros, vivem no engano e na devassidão da imoralidade. Somos melhores! É fato indiscutível!
Mas de repente também nos identificamos com esta pecadora. Miseráveis em nossas escolhas, tudo que fizemos deu errado e sofremos as conseqüências dos nossos erros e escolhas equivocadas, mutilados pela deformidade do pecado, apontados pela sociedade como fracassados, improdutivos, parece que por onde passamos somos apontados, sentimos os olhares de reprovação e o escárnio é impiedoso. A indiferença nos rodeia, não conseguimos nos levantar, respeito, dignidade são objetos de nosso desejo, entretanto inatingíveis Como estamos sobrecarregados, nos sentimos desprezados e condenados. A sentença da sociedade é terrível: nome no topo da lista negra!
Transbordante é seu amor...
Transbordante é sua misericórdia...
Ele, Jesus sabe quem somos, como agimos, conhece nosso lado obscuro, nosso pecados, erros, descontentamento, nossa vidinha medíocre e legalista, assim como nossa realidade cinza e egoísta. Mesmo sabendo de tudo, nos convida a caminhar com Ele. Não se comporta com indiferença, olha em nossos olhos e vê com compaixão a dor e a debilidade, ouve nosso grito: socorro tire-me daqui, não suporto mais tamanho peso! Ajude-me! Não passa ao largo, mas pára, estende a mão, nos põe em pé e faz um inesperado convite: ”... Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11:28).
Eis a nossa oportunidade! Tudo que realmente queremos! Tudo pelo qual esperamos! Um convite a uma nova vida! Apagar o passado de fracassos, impossibilidades, sentenças e dores, muita dores, marcas profundas que os erros, enganos, escolhas erradas, que abriram feridas na alma. O convite está feito! Resta agora escolher entre “ficar do mesmo jeito” ou aceitá-lo e enfrentarmos o desafio do recomeço.
Transbordante... Jesus tem muito a nos oferecer e boa medida, recalcada, sacudida...é transbordante lembra-se?
Eu aceito. Eu topo! Mas tem uma coisa, eu quero ir com você, mas tendo a atitude da mulher pecadora. Não quero me contentar apenas em recebê-lo em minha casa, e oferecer um bom almoço. Eu quero me derramar... quero transbordar...e como aquela mulher oferecer o que de melhor eu tenho, ainda que seja apenas um coração, mas quero oferecê-lo quebrantado. Lavar seus pés empoeirados de tanto insistir em ir atrás de mim pela longa estrada de desencontros e perdas e derramar o perfume da gratidão.
Você vem comigo?

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